Em relação ao subgenero Krautrock, ou para quem preferir, para o progressivo experimental praticado por alguns grupos alemães durante a primeira metade dos anos 70, se o Faust merece o título de precurssor do movimento e o Can o da banda (mais ou menos) mais conhecida, o grupo Neu sem dúvida merece o título de mais influente do Gênero.
O grupo teve um período curto de existência (1970-75), mas em apenas três discos (não contando os ao vivo, discos de sobras ou o fraco Neu IV de 1996) criou uma sonoridade que influenciaria não só o Rock progressivo, mas diversas vertentes do rock, de David Bowie a Joy division, do U2 ao tecno.
A banda, na verdade uma (excepcional) dupla de musicos alemães, o guitarrista Michael Rother e o baterista Klaus Dinger, surgiu quando os dois saíram abruptamente da banda Kraftwerk (na época sem flertar ao eletrônico) e decidiram montar um projeto onde pudessem colocar todas as influencias, experimentos e efeitos sonoros possíveis, que englobassem extremos, da musica clássica a elementos eletrônicos e onde o caos, o abrupto e o radical pudessem ser inseridos sem restrições.
Com essa ousada proposta, em meados de 1972, em apenas 6 dias, gravariam uma das melhores obras do prog alemão e um dos discos básicos e essenciais do movimento progressivo.
O álbum já começa com o petardo Hallogallo, com uma guitarra precisa, que de forma brusca muda o tom do ritmo e o modo de como é tocada durante sua duração, onde a linha do baixo e da bateria é mantida muito mais para manter alguma coesão na música do que para mostrar algum tipo de virtuosismo.
Sonderangebot e wiessensse talvez sejam as faixas mais "convencionais" do álbum, lembrando em pouquíssimos momentos melodias de rock , mesmo assim, distorções da guitarra, mudanças abruptas de ritmo e sons estranhos tirados do baixo nos fazem voltar a perceber o que realmente esta querendo ser colocado nesse álbum.
Já I´m Gluck, volta a mostrar um som onde praticamente só o sombrio parece fazer da canção, somente interrompida por alguns poucos solos concisos de guitarra ou elegantes batidas de bateria e baixo.
Negativland realça novamente um lado distorcido (até mesmo lembrando um pouco o som industrial dos anos 90) com diversos efeitos de distorção da guitarra de Rother, efeitos alias que seriam muito utilizados por bandas como Joy division e Sisters of Mercy.
Quase todas as musicas apresentam em comum uma batida de bateria e baixo bastante forte e de impacto, batidas que lembram até (de forma bem rudimentar, lógico) as batidas musicais de kraftwerk em trabalhos como autobhan, ou em bandas de tecno e trance que surgiriam nos 80 e 90.
A dupla lançaria ainda mais dois ótimos trabalhos em 1973 e 1975, respectivamente, e após isso ambos os músicos partiram para projetos e trabalhos solos. Os dois voltariam com o Neu em diversas ocasiões entre 1996 a 2001, mas o resultado obtido não teve o mesmo impacto e qualidade. Um disco essencial, sem dúvida um dos melhores desse tão vanguardista movimento prog Alemão.
1. Hallogallo (10:07)
2. Sonderangebot (4:50)
3. Weissensee (6:42)
4. Im Glück (6:52)
5. Negativland (9:46)
6. Lieber Honig (7:15)
Klaus Dinger: Japanese banjo, bateria, guitarra, vocal.
Michael Rother: guitarra, deh-guitar, baixo, double bass.
Baixar
Nenhum comentário:
Postar um comentário