Primeiro, e para muitos o melhor e mais influente, trabalho desse importante grupo ligado ao krautrock. O Ash Ra Tempel (nome ligado a um deus egípcio), foi formado em meados de 1970 com a iniciativa do multi instrumentista Manuel Göttsching.
O músico, muito influenciado pela música de vanguarda, pelo free-jazz, Fusion e a Psicodelia, resolveu jogar todas essas influências na sonoridade de sua banda, o que faria da mesma uma das mais ricas musicalmente dentro desse cenário (pelo menos nos seus primeiros discos).
Para o primeiro trabalho do grupo, chamou os competentes Hatmut Enke e Klaus Schulze, recém saído do Tangerine Dream, e reservando algumas sessões de estúdio para a gravação do álbum, o mesmo seria lançado em junho de 1971, surpreendendo a cena musical alemã, alcançado um rápido e inesperado sucesso comercial. Ao ouvir atentamente o disco, percebe-se a razão do sucesso do mesmo.
Na primeira faixa Amboss, temos um lento e comedido início, onde os teclados e parcas intervenções de guitarra davam sua participação, e que progressivamente cresce em intensidade, com gradativas aparições da bateira e baixo até virar um petardo sonoro: pesado, tenso e altamente improvisado. Literalmente, a música que se iniciava quase silenciosa, lembrando até o trabalho In A Silent Way (1969) do músico Miles Davis vira um êxtase psicodélico, no melhor estilo do Pink Floyd fase Barett.
A segunda faixa Traummaschine repete a mesma construção sonora da faixa anterior, início calmo onde progressivamente ganha peso e intensidade, mas aqui percebe-se uma intervenção ainda mais cuidadosa dos músicos, principalmente dos teclados de Schulze, e a música apresenta pequenos traços ligados ao space rock e à vanguarda de John Cage e Edgar Varesee, e nesse aspecto a música ganha um clima e uma sonoridade ainda mais rica, complexa e sombria que sua antecessora.
Destaque também para o vocal, na verdade um impronunciável sussurro durante boa parte da faixa, coincidentemente lembrando o grupo Can e seu disco Tago Mago (também de 1971) que também utilizou esse tipo de recurso.
Após esse trabalho, o grupo com diferentes formações, mas sempre sobre liderança de Göttsching, ainda lançaria mais três trabalhos de mesma qualidade: Schwingungen (1972) , Seven Up e Join Inn (ambos de 73).
Posteriormente o grupo iria seguir um caminho menos experimental, mudando seu nome para Ashra em 1977, seguindo uma linha mais eletrônica lembrando o Tangerine Dream e o Kraftwerk fase Radio Activity. O grupo enceraria suas atividades em 1991.
1. Amboss (19:40)
2. Traummaschine (25:24)
Manuel Göttsching - Guitarra, bateria, teclados
Hartmut Enke - Baixo, teclados
Klaus Schulze - Teclados
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